segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Ano-Nosso


Assim como as pessoas, os meses falam,

fazem planos,

repetem promessas e carregam sonhos.

Alguns têm paciência,

sabem que sucesso é todo aquele resto

que vem depois do esforço.

Entre os doze, o último é o mais sábio,

veste-se de branco e reza realizações.

Tanto pra ti, quanto pra nós,

tanto pra nós, quanto pra todos.

O último mês, acende a luz e grita.

Acorda Ano-Novo!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Foice


Quem escreve faz arte
e brinca com fogo,
acaba ou já é louco?
Sigo na íntima viagem,
voltando de marte
na margem do acaso
agarrado aos sentidos,
dando sopa pro azar e seta pra esquerda.
Aviso os familiares e amigos.
Quando deixar de fazer arte,
limpem bem suas orelhas.
Cortem-me a mão direita!

sábado, 24 de novembro de 2012

Ópera do pobre

Vaga em meio
 
a vaidade
 
e a autocensura,
 
ao tocar nos seios destas damas,
 
o poeta disserta.
 
Pinta o sete.
 
Procura o ponto G.
 
Fica ereto
 
em frente a meta.
 
Aflito hesita,
 
e só a plateia goza.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Ao vento


Vida sem amor...
Vida sem carinho...
Vida sem sorriso...
Vida sem cheiro...
Vida sem alegria...
Vida sem música...
Vida sem abraço...
Vida sem humor...
Vida sem segredo...
Vida sem amigos...
Vida sem família...
Vida sem confiança...
Vida sem sabor...
Vida sem gosto não é viver com amor.

Autora - Marina Amaral

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Lira destoante

Ela anda

como se estivesse dançando,

e dança

como se estivesse sorrindo.

Ao ver tudo isso,

ele fica engolindo sapos,

e de tanto, acaba cagando girinos.

Saltos de sapos,

como se fosse Manuel de Barros.

Sustos e ecos à la Leminski.

Em um simples esbarro
 
dois solitários podem virar casal vinte?


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Serviço de quarto

A
sede
pede
água.
 
 A
dor
pede
vinho.
 
 A
inspiração
não pede nada,
pois fica plena quando estou sozinho.
 

domingo, 7 de outubro de 2012

sábado, 29 de setembro de 2012

Íntimo vandalismo

Usando os dois sentidos da via, de fato,
 
caso esteja instalado o engano,
 
perde os ares nostálgicos
 
esse mero relato.
 
Incidem abstratos sobre a memória,
 
cheiros, flashes, sons, olhares,
 
lembranças aceleradas,
 
 quebraram a placa de PARE.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Feito e efeito


Quando sou

dose de maldade,

algo me toma

em um só gole.

Quando sou

pura sinceridade,

fico sobrando

em cima da mesa,

zero à esquerda,

efeito nenhum acontece.

Fica a resposta

sem clareza,

acende a fogueira

que não aquece.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Fugaz


Surge o verso súbito,

desabo correndo antes que escape.

A mente, a mão, o lápis.

O verso viu a folha, isso o assustou.

Ilusão talvez, mas antes,

foi bom enquanto durou.

domingo, 26 de agosto de 2012

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Campanha Nula


Uma multidão na calçada,
gente parada na esquina,
bandeiras tremulam de medo,
ao ver a nação pisoteada.
Astutos, prometem mundos e fundos.
Democracia confusa, em meio a tantos gritos.
A esperança cansou de esperar,
até já rasgou seu título.

sábado, 11 de agosto de 2012

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Prece Genérica


Teu caminho é esse,
agora, não tem mais volta,
agarra na fé, não solta,
passo a passo, paciência,
as conquistas não são de graça.
Amanhã, receberás a recompensa de tanta disputa.
Afinal, conhece o gosto da coragem
aquele que vai à luta.


quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Passe(ar)


Bate de porta em porta
entorta postes
balança cortinas
carrega a neblina
transforma centelhas em fogo
assusta o povo
move moinhos
tanta força acaba sozinho
e dorme ao relento.
Ar, brisa, tufão,
vulgo vento.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Locomotivo


Vai folheando,
procura a tua raça, tua origem.
Qual o preço da vertigem?
Já que nada vem de graça.
Vai folheando, que eu ando,
de novo no inverno,
face fria, dia cinza, cor quase não tem,
até quem não sabe ler, sabe,
rotina de andar nos trilhos é coisa de trem.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Camuflado em si

Tem dias
que levanto com o pé direito,
outros nem levanto,
  fico o dia inteiro no leito.
Faço crises
comigo mesmo,
fico sumido por dias,
nem eu me vejo.

sábado, 16 de junho de 2012

Aviso aos navegantes


Literatura de primeira
deve avisar com letras garrafais.
CUIDADO, NÃO LEIA!

Literatura de requinte
é aquela que insiste.
CUIDADO, NÃO LEIA!

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Acorda, foi só um sonho


Não há tristeza
que o tempo
ou uma taça
não apague.
Não há vontade
quase morta,
quase esquecida,
que um sonho não faça voltar
tão real ao meu lado, tão viva.

sábado, 2 de junho de 2012

Sonhadores precisam de um canto para sonhar. Porém não reclamam desse mundo tão redondo.

sábado, 19 de maio de 2012

Singular Demais


Eu, que tenho a alma de um ex-vivente lá dos anos 60.
Eu, que fico fascinado ao ver nuvens de tormenta.
Eu, que ainda confundo realismo com pessimismo.
Eu, que comparo alegria exagerada com beira de abismo.
Eu, singular demais, ínfimo e subjetivo.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Criador de mundos



A lua vinda do leste,
veste a noite de prata,
reflete sorrindo a luz furtada
que pertencia ao dia.

 Debruçada sobre minha janela, cheia madrugada,
 vejo sua face, escrevo, louvo. Quem ouve?
Responde uma súbita vontade torpe,
querendo filosofar como Hobbes.

O juízo some com tamanho absurdo.
Sensações confundem-se em meio a vozes e uivos.
“Homem é o lobo do homem.”
Iludido criador de mundos.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Rarefeito


Tudo tão calmo,
só o frio mostrou a cara.
Folhas secas, silêncio seco, outono pleno.
Antes que os olhos transbordem, sincronismo,
pálpebras desabem,
quem tem cama deite-se,
se for grama desmaiem.

sábado, 21 de abril de 2012

Gramátincauto


À deriva com o ponto e a vírgula,
separo a sílaba ou deixo tudo junto?
Orgulhosa língua!


Toda tua riqueza
e o poeta escrevendo pobre.
Nobre portuguesa!


Desconfortáveis teus acentos,
dão trabalho como usar chapéu ao vento,
se caírem correrei atrás do acerto.


Prisioneiro de erros ditados em cadeia.
Ando nas tuas regras lento,
como quem anda sobre a areia.


Mas nem tudo se perdeu,
teu filho continua vivo,
caso fosse um pronome, seria reflexivo.


Nesse breve relato
Língua Mãe.
Deixei algum...  Hiato?

domingo, 8 de abril de 2012

Amor é bom quando temos para dar e receber, pena que a maioria de nós apenas pede emprestado. 

sábado, 31 de março de 2012

segunda-feira, 19 de março de 2012

Infinita discórdia

Religiosos e cientistas,
pessimistas e realistas,
todos discordam.
Eu não vou ser mais um,
sei que desejos e mistérios misturam-se,
nesse infinito céu azul.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Pôr-do-sol da minha terra

Como se eu estivesse lá,
lembro do fabuloso pôr-do-sol,
aquele porto todo nosso.

Qualquer preocupação
escorre do olhar e se vai,
 junto com as calmas correntezas
do grande Rio Uruguai.

Distraído, indeciso,
esqueço o nome das moças,
minha face perdida ao ver belos rostos.
Só não esqueço aquele porto, nem posso.

terça-feira, 6 de março de 2012

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Estiagem

Ainda que só desperdice verbo,
finjo que não enxergo.
 Era ela a luz no fim do túnel?
Ainda que não queira falar de amor,
pois nada acontece, ninguém chega,
pingos de ti, pingos de chuva,
amenizariam essa seca.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A sombra esbravejou

Discuti até com minha sombra.
E disse.
Não é tu que me conduz!
Pra mostrar mesmo quem manda,
corri e apaguei a luz.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Epitáfio pra depois dos 90

Nessa brincadeira de levar a vida a sério
até que fui longe,
embora vivesse raivoso como um cão,
raramente calmo,
mas quando calmo era quase um monge.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Escal(pelando) Janeiro

Dureza.
É comer rapadura velha
sob o sol de janeiro.
Magnânimo.

Moleza.
É encontrar algumas respostas
e perceber a vida de costas,
com tantas outras dúvidas.
Desânimo.

Fraqueza.
É evitar velhos erros, burlar desejos, anos a nadar
e morrer na praia,
atingido por um olhar.
Fenômeno.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Anatomia do momento

Engolindo lembranças e sensações,
pensativo, sistema nervoso, aparelho digestivo,
peristálticas transformações.
Era para ser uma mera frase,
mas deu disenteria,
virou essa bosta de poesia.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Cogumelos

Cogumelo azul, cogumelo amarelo,
cogumelos que fazem falta,
pro meu lado hippie magrelo.

Cospem fogo, cosmopolitas dragões,
flauta de osso,
tocam pro povo,
“salvem as nações”.

Artesanato com seus arames,
dizem muito sobre o dono,
viver exige manhas e malabares,
alguns até chamam de plano.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Abraço de urso

Se visse um urso eu queria um abraço,
é a noite de imaginar,
pudesse ser coruja,
assim imaginando eu posso voar.

Agora esmola de mendigo cosmopolita,
faço frente ao diamante,
só me jogue nem reflita
virei moeda mercante.

Um simples presente, tesouro,
guardado em baú sem tranca,
sou pirata escondendo ouro,
na areia da folha branca.

Imaginação com prazo de validade,
minha escada sem corrimão,
são segundos de vaidade,
tempos modernos, é lenta minha conexão.

Um peixe e a isca que lhe atrai,
agora sou o equilíbrio,
te abandonei pescadora, cai!